Hospital proíbe cabelos "extravagantes" e mascar pastilha
O Bloco de Esquerda questionou na Assembleia da República a legalidade
do novo regulamento do Hospital de Braga, que proíbe os colaboradores de
usar cores de cabelo "extravagantes" ou sapatos com saltos superiores a
quatro centímetros.
Denominado 'Fardamento e regras de
conduta dos colaboradores do Hospital de Braga', o novo regulamento,
aprovado este mês, estipula que os assistentes técnicos, assistentes
operacionais, enfermeiros e técnicos do sexo masculino têm de usar
sapatos clássicos pretos ou azuis-escuros, cinto azul-escuro ou preto
(de acordo com os sapatos) e meias azuis-escuras lisas ou pretas lisas.
Os
trabalhadores do sexo feminino ficam obrigados a usar saltos até quatro
centímetros e "as meias de vidro devem ser da cor da pele (nem muito
claras nem muito escuras), lisas, sem redes ou fantasias".
A
camisa sempre metida dentro das calças e o cinto colocado são outras das
obrigações daqueles profissionais, que também não podem usar o casaco
ou a camisola à volta da cintura ou dos ombros.
Todos os
trabalhadores do hospital estão proibidos de mastigar pastilha elástica,
de usar óculos de sol na cabeça ou pendurados na farda e de terem
piercings visíveis.
As unhas compridas, incluindo as de gel, estão
proibidas, e, quando pintadas, têm de ter cores "claras e discretas",
não sendo permitidos desenhos.
A maquilhagem é permitida "apenas
se for muito suave" e já os homens têm de se apresentar com a barba
aparada. Não é permitido o uso de colares e é "desaconselhado" o uso de
fios e pulseiras.
Enfermeiros e assistentes operacionais com
cabelo abaixo dos ombros têm de usar o cabelo preso, "evitando ganchos
de bijutaria", enquanto os restantes grupos profissionais podem usar o
cabelo solto ou apanhado, com gancho ou elástico "discreto", mas apenas
desde se apresentem "com aspeto cuidado".
O Bloco de Esquerda
considera que este regulamento "exorbita claramente" os seus objetivos,
"intrometendo-se na liberdade individual" dos trabalhadores. "As regras
patentes neste regulamento afiguram-se-nos como sendo de
legalidade duvidosa, além de nos parecer evidente que conflituam com a
liberdade individual de cada um, impondo condutas e padrões que remetem
mais para uma suposta moralidade e bons costumes do que para o bom
desempenho profissional", refere o BE, num requerimento dirigido ao
Ministério da Saúde.
No documento, a que a Lusa hoje teve acesso, os bloquistas questionam se
o Governo tem conhecimento deste regulamento, se consideram que ele
"cumpre integralmente a legalidade" e se vai ordenar a sua suspensão.
O partido lembra que o Hospital de Braga é gerido por uma sociedade privada, mas "não deixa de ser um hospital público".
"Numa sociedade moderna, democrática e livre, é totalmente inaceitável que um grupo privado queira impor as suas escolhas, os seus gostos, as suas regras a quem trabalha num hospital público. Ainda por cima, regras que nada têm a ver com o trabalho, mas respeitam única e exclusivamente à liberdade e ao gosto de cada um", acrescenta o requerimento.
Contactada pela Lusa, fonte do hospital disse que estes regulamentos são comuns nas grandes instituições que lidam com o público e têm particular acuidade em estabelecimentos de saúde, onde se exige cuidados redobrados em termos de higiene. A mesma fonte sublinhou ainda que este código de conduta só é aplicável no local de trabalho.
por Lusa/Dn.pt
O partido lembra que o Hospital de Braga é gerido por uma sociedade privada, mas "não deixa de ser um hospital público".
"Numa sociedade moderna, democrática e livre, é totalmente inaceitável que um grupo privado queira impor as suas escolhas, os seus gostos, as suas regras a quem trabalha num hospital público. Ainda por cima, regras que nada têm a ver com o trabalho, mas respeitam única e exclusivamente à liberdade e ao gosto de cada um", acrescenta o requerimento.
Contactada pela Lusa, fonte do hospital disse que estes regulamentos são comuns nas grandes instituições que lidam com o público e têm particular acuidade em estabelecimentos de saúde, onde se exige cuidados redobrados em termos de higiene. A mesma fonte sublinhou ainda que este código de conduta só é aplicável no local de trabalho.
por Lusa/Dn.pt
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